30.5.21

 acabada, cansada. Podre. Velha. 

Uma semana em que tudo deu errado, e eu tenho que aguentar mais sapos. Dentro de casa. E fazer tudo direito, porque?

Porque senao ainda pode ficar pior. 

Eu to caindo aos pedaços. Sei que eu não sou amada, que eu sou substituível. Sei que não tenho ninguém pra conversar. Sei que se eu tocar nesse assunto, qualquer um se afasta. O que fazer? Engolir mais um pouco. Aguentar mais um pouco. Até quero chorar. 

Tanto esforço. Faço isso apenas pelo meu filho. Não faço por mim. Eu não tenho opção, tenho que vencer. Mas essa semana, um inferno, uma possibilidade de perder tudo o que eu tenho. 

Eu não ligo de não ter nada. Só não quero que meu filho não tenha nada. E que perceba que tem uma mãe quebrada, destruída. Invisível. 

É assim que me sinto. Invisível. Detestável mesmo sem abrir a boca. Nem minha mãe me amou. Nem meu pai. Foram apenas as circunstancias. Eles não tem culpa, sabe. Eu sou mesmo invisível. Pra tudo e pra todos. Os amigos que ja tive foram apenas pessoas boas demais, e por certo tiveram pena da minha invisibilidade. 

Agora é engolir o choro e me aceitar como invisível. Como um nada. Um nada que tem que lutar pra ser alguma coisa, que tem que passar a mao em espinho pra não ser detestada, só por existir. 

Depois me perguntam porque não quero dar bom dia. Hipocrisia. Sei que ninguém jamais quis me dar bom dia. Pra que tenho que dar carinho pra quem me odeia só por existir?

Pelo meu filho, claro. 

Uma bosta, mas pelo menos tenho meu filho.